Ponto onde convergem as minhas emoções, postas em verso, ou prosa, degrau onde coloco o que sinto e o que desejo e que poderei, talvez, partilhar com os meus amigos.

Wednesday, December 07, 2005









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Natal é crescer



Nascer é acordar a cada dia, sabendo que nisso está o milagre. Nascer é perceber a vida sempre de um modo diferente. Nascer é Revelar. Revelar é reviver. Nascer é saber esperar sem ódio. É entender de rega, poda, criança e passarinho. Nascer é ter os olhos bem abertos e mesmo assim prosseguir. É saber a hora do afago e da reprimenda. É descobrir primeiro em si e só depois nos outros. Nascer é abrir o coração e a inteligência para receber o que foi de humana tessitura feito: no escárnio ou no aplauso. Na cara virada ou no sorriso natural. No ódio ou no amor. Nascer é meditar. Ir fundo nas regiões do próprio silêncio e sombra, sem medo. É saber-se menor, reduzido, torpe, invejoso, cabotino. Mas é canalizar seu impulso negativo para a criação e a colheita. É ser capaz de amar-se exatamente a partir do próprio conflito. Nascer é não ter idade para a Revelação. É dizer erro, faço, aceito, minto, busco, possuo, vou, quero, hei, para um dia, entre suspiro de alívio e redenção, dizer sou, creio. Nascer é continuar. Cada vez que a justiça se faz, algo nasceu. Nascer é nascer, ora, e aqui estou na busca (busco) de frases e palavras sobre o nascer que é o Natal, símbolo de um Espírito que veio para salvar na forma de Homem. E aqui está este pobre cronista a se espremer na véspera do Natal para tentar, sem conseguir, dizer algo diferente, original e seu, não tem palavras nem originalidade para expressar o simples e o Eterno. É que o Eterno não é verbal. O cronista não sabe se fala do Natal injusto com os que sofrem ou do Natal da fraternidade. Acentuando o que o faz perplexo ele apenas pode constatar (e já é tanto!) a Dimensão maior, a Totalidade, a Unidade. O Eterno. Cuja busca faz nascer, eis o Natal. Eis o Cristo. Sempre novo porque Permanente.

 
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