Sossega, coração!
Não desesperes!
Talvez um dia,
para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então,
livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!
Sossega, coração, contudo!
Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.
Fernando Pessoa, 2-8-1933.
3 Comments:
O inconfundível Fernando Pessoa, por cuja obra eu me perco.
Um beijinho
do Pepe.
6:33 AM
Convido-te a visitar a minha humilde gruta , pois tens uma pintura rupestre à tua espera .
1:53 PM
Visita-me , também é dedicado a ti , espero que gostes ...
2:56 PM
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