É ELE!O SONHADOR

Vagueia o poeta pelos campos: admira, Adora; ouve dentro de si mesmo uma lira. E ao vê-lo chegar, as flores, todas as flores, As que dos rubis empalidecem as cores, As que dos pavões deixam as caudas ofuscadas, As florinhas azuis, as florinhas douradas Tomam para o acolher, nos seus ramos agitados, Arzinhos humildes, ou grandes ares afectados, E, familiarmente, porque fica bem às belas: «Olha! É o nosso amado que passa!», dizem elas. E, cheias de luz e de sombra, com vozes inquietas, As árvores gigantescas que vivem nas florestas, Todas essas velhinhas, as tílias, os áceres, os teixos, Os carvalhos venerandos, os enrugados freixos. O olmo de negra ramagem, que o musgo entorpece, Como os ulemas fazem quando o mufti aparece, Saúdam-no com grandes vénias, curvando para a terra As cabeças de folhagem e as suas barbas de hera, E vendo na sua fronte um sereno esplendor, Murmuram muito baixinho: É ele! O sonhador! Victor Hugo |
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