Ponto onde convergem as minhas emoções, postas em verso, ou prosa, degrau onde coloco o que sinto e o que desejo e que poderei, talvez, partilhar com os meus amigos.

Friday, November 09, 2007


Gosto quando te calas porque estás como ausente

e me escutas de longe; minha voz não te toca.

É como se tivessem esses teus olhos voado,

como se houvesse um beijo lacrado a tua boca.



Como as coisas estão repletas de minha alma,

repleta de minha alma, das coisas te irradias.

Borboleta de sonho, és igual à minha alma,

e te assemelhas à palavra melancolia.



Gosto quando te calas e estás como distante.

Como se te queixasses, borboleta em arrulho.

E me escutas de longe. Minha voz não te alcança.

Deixa-me que me cale com teu silêncio puro.



Deixa-me que te fale também com teu silêncio

claro qual uma lâmpada, simples como um anel.

Tu és igual a noite, calada e constelada.

Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo.



Gosto quando te calas porque estás como ausente.

Distante e triste como se tivesses morrido.

Uma palavra então e um só sorriso bastam.

E estou alegre, alegre por não ter sido isso.


Pablo Neruda in 20 Poemas de Amor e uma canção desesperada

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Impossível comentar Pablo Neruda!
Lindo!

1:28 AM

 
Anonymous Anonymous said...

Casou como uma luva o que ando sentindo no momento.
Muito belo.
Já li Pablo Nerudo em outras épocas.
Brasileiro que ama Portugal.
Marcos Carvalho Campos
Curitiba
Paraná
Brasil

10:01 AM

 

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