Ponto onde convergem as minhas emoções, postas em verso, ou prosa, degrau onde coloco o que sinto e o que desejo e que poderei, talvez, partilhar com os meus amigos.

Thursday, January 29, 2009


BORBOLETA

Voa borboleta,
Flutua com os ventos da vida,
Pousa nas flores que se espreguiçam dolentes,
Ao sol que aquece a terra...

Voa borboleta,
Não deixes que te quebrem as asas,
Segue com o teu voar saltitante,
Pelas estradas da vida...

Procura no teu vai e vem,
A ternura com que te acariciam as asas...
Não deixes morrer, a tua vontade de viver!

(Binda)


... As Lágrimas Lavam A Alma!

Há quem goste de cutucar feridas;
De ver o sangue pingando;
Não deixar o machucado secar,
Não permtinto que lindas quimeras
Voltem a sonhar...


Os tempos mudaram mas a dor de cotovelo,
A possobilidade da perda,
A dor contínua da espera,
Do amor que esta fadado a morrer...
Angustiante, permanecem únicos,
Nos fazendo esmorecer!


Quando se perde um amor,
O vazio e a desilusão, são iguais.
Não se come, não se dorme, não se vive,
A tristeza atravessa o peito, o ar se esvai.
E todas as noites, no travesseiro amigo,
Depositário de nossas lágrimas,
É que encontramos consolo e paz...

Ah! quem já não passou por esta dor?!
Quem já não encheu um amigo de lamúrias,
Já não fez loucuras ?

Vou fundo na tristeza,
Busco dentro de mim o meu eu.
Procuro as respostas que não chegam...
Infinitamente reverbero
Do reflexo de luz que emana
No vento, na luz, n´ água , nas chamas,
E descubro, em nublado olhar, que
As lágrimas lavam a alma!


Delasnieve Daspet

Wednesday, January 14, 2009


Friday, January 02, 2009


REALIDADE



(Fernando Pessoa)


"Sim, passava aqui frequentemente há vinte anos...

Nada está mudado - ou, pelo menos, não dou por isso

- Nesta localidade da cidade ...

Há vinte anos!... O que eu era então!


Ora, era outro...

Há vinte anos, e as casas não sabem de nada...

Vinte anos inúteis (e sei lá se o foram! Sei eu o que é útil ou inútil?)...

Vinte anos perdidos (mas o que seria ganhá-los?)

Tento reconstruir na minha imaginação

Quem eu era e como era quando por aqui passava Há vinte anos...

Não me lembro, não me posso lembrar.


O outro que aqui passava, então,

Se existisse hoje, talvez se lembrasse...

Há tanta personagem de romance que conheço melhor por dentro

De que esse eu mesmo que há vinte anos passava por aqui!


Sim, o mistério do tempo.

Sim, o não se saber nada,

Sim, o termos todos nascido a bordo

Sim, sim, tudo isso, ou outra forma de o dizer...


Daquela janela do segundo andar, ainda idêntica a si mesma,

Debruçava-se então uma rapariga mais velha que eu, mais lembradamente de azul.


Hoje, se calhar, está o quê?

Podemos imaginar tudo do que nada sabemos.

Estou parado física e moralmente: não quero imaginar nada...

Houve um dia em que subi esta rua pensando alegremente no futuro,

Pois Deus dá licença que o que não existe seja fortemente iluminado,

Hoje, descendo esta rua, nem no passado penso alegremente.


Quando muito, nem penso...

Tenho a impressão que as duas figuras se cruzaram na rua, nem então nem agora,

Mas aqui mesmo, sem tempo a perturbar o cruzamento.

Olhamos indiferentemente um para o outro.


E eu o antigo lá subi a rua imaginando um futuro girassol,

E eu o moderno lá desci a rua não imaginando nada.

Talvez isso realmente se desse...

Verdadeiramente se desse...

Sim, carnalmente se desse...

Sim, talvez..."

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