
OH,MEU AMOR...
-De onde me chegam estas palavras?
Nunca houve palavras para gritar a tua ausência
Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o teu vestido de corolas.
E não havia um nome para a tua ausência.
Mas tu vieste.
Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?
Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras escreves todas as palavras.
Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.
Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio
quando o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta por onde caminhas nua.
Joaquim Pessoa
2 Comments:
Belo texto de Fernando Pessoa !
Hoje, dia do sorriso, envio-te uns beijinhos verdinhos com um grande sorriso !
1:31 PM
This comment has been removed by the author.
5:32 PM
Post a Comment
<< Home